Antes de ir para o capítulo, queria agradecer as pessoas que seguem o meu blog! Amo colocar notícias de famosos e começar a fazer essa história do Justin bad boy, foi uma das melhores coisas que já fiz, então, obrigada! E agora, boa leitura.
Save that shit - Lil Peep.mp3]
Pov Justin.
❝Down another lonely road, I go;
Just another lonely road to home❞
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Jogo as chaves da moto em cima da mesa da sala comum dos estagiários,
cumprimento rapidamente a secretária e saio correndo para o salão de reuniões,
arrumando o tecido do terno que eu sou obrigado a usar sempre que venho para a Golclo-Denset.
Abro a porta em um rompante e de repente vários olhares sêniores me encaram e viro o foco da atenção deles. Pigarreio, me curvando.
– Ohayō gozaimasu! Desculpem-me, por favor, prossiga. – Me refiro ao funcionário
que apresentava a pauta do dia e também parou quando me viu, e vou até meu lugar,
ajustando a gola alta da blusa no pescoço para garantir que está cobrindo o dragão
tatuado.
– Atrasado de novo, Bieber. – Joe sussurra sem olhar para mim, sentado do meu lado esquerdo, enquanto fazia anotações. Joe estagia na empresa da minha família há mais de 1 ano e está prestes a assumir um cargo como contratado oficial. Eu sei que ele quer
muito isso, tanto para o currículo e salário quanto pelo que isso significará para ele, mas
Joe é um dos melhores alunos de Comércio Exterior, poderia facilmente achar trabalho em outro lugar que não seja metido nos negócios do meu pai; que não seja querer mergulhar em algo que pode mudar sua vida, bem ou mal. Queria convencê-lo disso, pois sei bem do
que estou falando, mas minhas tentativas foram falhas.
– Oi pra você também, senpai. – Ele me fita por entre a franja de fios escuros e deixa escapar um sorrisinho. Sirvo-me do café que estava mais próximo a mim na grande mesa e passeio o olhar pelos velhos gringos ricos que estavam prestando atenção no funcionário,
almofadinha e baba ovo do meu pai, que mostrava gráficos e estatísticas para convencê-los de que farão um ótimo negócio.
Argh, café horrível.
Estou tentando não cochilar e fingir interesse toda vez que sinto algum olhar pairar sobre mim. Essas reuniões só me fazem lembrar porque sou obrigado a fazer Engenharia
Mecânica e a razão de ter feito todos aqueles cursos de administração, marketing para "futuros herdeiros" e línguas estrangeiras desde que saí do ensino médio.
Não é como se eu odiasse a profissão, o legado ou estar a frente da equipe de engenheiros que planeja os automóveis e motos de luxo e motores de última geração de uma empresa,
longe disso. Não tenho ingratidão por nada. Mas por trás de tudo isso tem algo muito maior, decisivo, irreversível. Eu queria poder pelo menos escolher.
Enquanto isso, me vejo preso dentro de planos que não são meus.
Pego do bolso uma folha de papel para anotações já meio amassado e desenho
traços sem sentido, absorto em meus devaneios, vagando longe dessa sala, longe da empresa, talvez até navegando por ondas fora de Seul.
Até que a reunião chega finalmente ao fim, e mal percebo, só noto quando todos se levantam e Joe me cutuca para que eu faça o mesmo.
– Justin, por favor. – Meu pai me chama e faz um aceno para que eu fique ao seu
lado na porta e cumprimente os investidores gringos. Respiro fundo e me dirijo até ele.
Aperto a mão de cada um, individualmente, e me curvo toda vez, tentando dar o melhor sorriso que consigo agora, polido e contido.
Até um senhor imponente de cabelos grisalhos e terno escuro elegantemente alinhado e de tecido refinado, cumprimentar meu pai e eles trocarem algumas palavras em japonês.
Então Bieber passa seu braço pelo meu ombro.
– Matsuda, esse é meu filho Justin. Primogênito e único. Ele que irá assumir o
comando da sede da montadora no Japão e muito em breve, assim espero eu. – Após escutar suas palavras, sorrio para o senhor a minha frente e tento disfarçar meu descontentamento com o assunto. – Justin, esse é Matsuda, presidente do novo conglomerado que investirá na Golclo-Denset.
– Ah, sobre o Japão não temos nada decidido ainda, mas muito prazer shatyô-sama.
– Digo enquanto me curvo.
– Ele encontrará Nomura antes da nomeação para o cargo em Tóquio, será
tudo providencial. – Meu pai diz e me lança um olhar carregado, apertando o toque de sua mão em meu ombro.
– Antes tarde do que nunca. E se não tivesse me dito que era seu filho, te diria que tem uma cópia jovem sua andando por aí! São muito parecidos. – O Sr. Matsuda ri
simpático. Diria até que ele pareceria um senhorzinho inocente, se não tivesse o porte de alguém a quem se deve temer. – Tenho certeza que a montadora de Tóquio estará em boas mãos, assim como seu legado... – Ele diz apontando para meu pai. – Se bem te conheço deve ter preparado o garoto bem, ainda mais se ele tiver herdado sua determinação,
sabemos que isso vai ser essencial para o que ele ainda verá nessa vida. – Então ele se dirige a mim com um sorriso fechado. – Certamente irá gostar de viver na minha terra,
Justin.
Japão. Eu sei o que eles querem dizer e mesmo assim, falamos todos nas
entrelinhas. O cargo e o legado amaldiçoado que me esperam depois de uma troca de saquês. Parece que fui "treinado" minha vida toda para isso, e só de pensar na iminência disso tudo, me causa náuseas e o café ruim que tomei há pouco parece se revirar em meu
estômago, quente e amargo. A essa altura minhas bochechas doem do tanto que já
esbocei sorrisos para estranhos essa manhã e tudo que quero é sair dessa sala sufocante.
O que me alivia é apenas antes ser quem sou, amaldiçoado com um futuro
arquitetado e obscuro por conta de um passado ruído, do que mais um "jopog".
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Mensagem de Texto
Para: Noah
"Noah
Noah
Vou almoçar aqui perto da empresa hoje.
Não precisa preparar nada pra mim, ok?
Não deixe de comer bem, até mais tarde! :)"
Coloco o aparelho de volta no bolso da calça e adentro o prédio ao lado da empresa,
indo direto para o restaurante tradicional de samgyeopsal, cuja dona é uma senhorinha
muito simpática, que frequento há anos junto com Nicholas; sempre que vínhamos para aempresa logo depois da escola, nos empanturramos aqui até abrirmos os zíperes das calças.
Nicholas sempre morou com seus avós paternos, e seu avô é
acionista majoritário na Golclo-Denset, tendo um dos altos postos na empresa, então nossa convivência próxima se estendia além da vizinhança e escola.
Depois que crescemos, apresentamos o restaurante, que era nosso tesouro secreto, para o resto dos meninos e aí que não paramos de vir aqui. O cheiro de carne assada e do
tempero americano da carne invade minhas narinas e a familiaridade do lugar.